quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Por que o Socialismo? – Por Albert Einstein

Por Odemir Silva
Por que o Socialismo? ¹
Será aconselhável para quem não é especialista em assuntos econômicos e sociais exprimir opiniões sobre a questão do socialismo? Eu penso que sim, por uma série de razões.
Consideremos antes de mais nada a questão sob o ponto de vista do conhecimento científico. Poderá parecer que não há diferenças metodológicas essenciais entre a astronomia e a economia: os cientistas em ambos os campos tentam descobrir leis de aceitação geral para um grupo circunscrito de fenômenos, de modo a tornar a interligação destes fenômenos tão claramente compreensíveis quanto possível. Mas, na realidade, estas diferenças metodológicas existem.
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A descoberta de leis gerais no campo da economia torna-se difícil pela circunstância de que os fenômenos econômicos observados são frequentemente afetados por muitos fatores, e esses são muito difíceis de serem avaliados separadamente. Além disso, a experiência acumulada desde o início do chamado período civilizado da história humana tem sido – como é bem conhecido – largamente influenciada e limitada por causas que não são, de forma alguma, exclusivamente econômicas por natureza. Por exemplo; a maioria dos principais Estados da história devem a sua existência à conquista. Os povos conquistadores estabeleceram-se, legal e economicamente, como a classe privilegiada do país conquistado. Monopolizaram as terras e nomearam um clero de entre as suas próprias fileiras. Os sacerdotes, que controlavam a educação, tornaram a divisão de classes da sociedade numa instituição permanente e criaram um sistema de valores segundo o qual as pessoas se têm guiado desde então, até grande medida de forma inconsciente, no seu comportamento social.
Mas a tradição histórica é, por assim dizer, coisa do passado; em lado nenhum ultrapassamos de fato o que Thorstein Veblen² chamou de “fase predatória” do desenvolvimento humano. Os fatos econômicos observáveis pertencem a essa fase, e mesmo as leis que podemos deduzir a partir deles não são aplicáveis a outras fases. Uma vez que o verdadeiro objetivo do socialismo é precisamente ultrapassar e ir além da fase predatória do desenvolvimento humano, a ciência econômica no seu atual estado não consegue dar grandes esclarecimentos sobre a sociedade socialista do futuro.
Segundo, o socialismo é dirigido para um fim sócio ético. A ciência, contudo, não pode criar fins e, muito menos, incuti-los nos seres humanos; quando muito, a ciência pode fornecer os meios para atingir determinados fins. Mas os próprios fins são concebidos por personalidades com ideais éticos elevados e – se estes ideais não nascerem já votados ao insucesso, mas forem vitais e vigorosos – adaptados e transportados por aqueles muitos seres humanos que, semi-inconscientemente, determinam a evolução lenta da sociedade.
Por estas razões, devemos precaver-nos para não sobrestimarmos a ciência e os métodos científicos quando se trata de problemas humanos; e não devemos assumir que os peritos são os únicos que têm o direito a expressarem-se sobre questões que afetam a organização da sociedade.
Inúmeras vozes afirmam há algum tempo que a sociedade humana está  passando por uma crise, que a sua estabilidade foi gravemente abalada. É característico desta situação que os indivíduos se sintam indiferentes ou mesmo hostis em relação ao grupo, pequeno ou grande, a que pertencem. Para ilustrar o meu pensamento, permitam-me que exponha aqui uma experiência pessoal. Falei recentemente com um homem inteligente e cordial sobre a ameaça de outra guerra, que, na minha opinião, colocaria em sério risco a existência da humanidade, e comentei que só uma organização supranacional ofereceria proteção contra esse perigo. Imediatamente o meu visitante, muito calma e friamente, disse-me: “Porque se opõe tão profundamente ao desaparecimento da raça humana?”
Tenho a certeza de que há tão pouco tempo como um século atrás ninguém teria feito uma afirmação deste tipo de forma tão leve. É a afirmação de um homem que tentou em vão atingir um equilíbrio interior e que perdeu mais ou menos a esperança de ser bem sucedido. É a expressão de uma solidão e isolamentos dolorosos de que sofre tanta gente nos dias atuais. Qual é a causa? Haverá uma saída?
É fácil levantar estas questões, mas é difícil respondê-las com certo grau de segurança. No entanto, devo tentar o melhor que posso, embora esteja consciente do fato de que os nossos sentimentos e esforços são muitas vezes contraditórios e obscuros e que não podem ser expressos em fórmulas fáceis e simples.
O homem é, simultaneamente, um ser solitário e um ser social. Enquanto ser solitário, tenta proteger a sua própria existência e a daqueles que lhe são próximos, satisfazer os seus desejos pessoais, e desenvolver as suas capacidades inatas. Enquanto ser social, procura ganhar o reconhecimento e afeição dos seus semelhantes, partilhar os seus prazeres, confortá-los nas suas tristezas e melhorar as suas condições de vida. Apenas a existência destes esforços diversos e frequentemente conflituosos respondem pelo caráter especial de um ser humano, e a sua combinação específica determina até que ponto um indivíduo pode atingir um equilíbrio interior e pode contribuir para o bem-estar da sociedade. É perfeitamente possível que a força relativa destes dois impulsos seja, no essencial, fixada por herança. Mas a personalidade que finalmente emerge, é largamente formada pelo ambiente em que um indivíduo acaba por se descobrir a si próprio durante o seu desenvolvimento, pela estrutura da sociedade em que cresce, pelas tradições dessa sociedade, e pelo apreço por determinados tipos de comportamento. O conceito abstrato de “sociedade” significa para o ser humano individual o conjunto das suas relações diretas e indiretas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações anteriores. O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da sociedade – na sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade. É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através do trabalho e da concretização dos muitos milhões de pessoas, passados e presentes, que estão todos escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”.
É evidente, portanto, que a dependência do indivíduo em relação à sociedade é um fato da natureza que não pode ser abolido – tal como no caso das formigas e das abelhas. No entanto, enquanto todo o processo de vida das formigas e abelhas é reduzido, ao mínimo pormenor, por instintos hereditários rígidos, o padrão social e as inter-relações dos seres humanos são muito variáveis e susceptíveis de mudança. A memória, a capacidade de fazer novas combinações, o dom da comunicação oral tornaram possíveis os desenvolvimentos entre os seres humanos que não são ditados por necessidades biológicas. Estes desenvolvimentos manifestam-se nas tradições, instituições e organizações; na literatura; nas obras científicas e de engenharia; nas obras de arte. Isto explica a forma como, num determinado sentido, o homem pode influenciar a sua vida através da sua própria conduta, e como neste processo, o pensamento e a vontade conscientes, podem desempenhar um papel.
O homem adquire a origem, através da hereditariedade, uma constituição biológica que devemos considerar fixa ou inalterável, incluindo os desejos naturais que são característicos da espécie humana. Além disso, durante a sua vida, adquire uma constituição cultural que adota da sociedade através da comunicação e através de muitos outros tipos de influências. É esta constituição cultural que, com o passar do tempo, está sujeita à mudança e que determina, em larga medida, a relação entre o indivíduo e a sociedade. A antropologia moderna ensina-nos, através da investigação comparativa, das chamadas culturas primitivas, que o comportamento social dos seres humanos pode divergir grandemente, dependendo dos padrões culturais dominantes e dos tipos de organização que predominam na sociedade. É nisto que aqueles que lutam por melhorar a sorte do homem podem fundamentar as suas esperanças: os seres humanos não estão condenados, devido à sua constituição biológica, a exterminarem-se uns aos outros ou a ficarem à mercê de um destino cruel e auto infligido.
Se nos interrogarmos sobre como deveria mudar a estrutura da sociedade e a atitude cultural do homem para tornar a vida humana o mais satisfatória possível, devemos estar permanentemente conscientes do fato de que há determinadas condições que não podemos alterar. Como mencionado anteriormente, a natureza biológica do homem, para todos os objetivos práticos, não está sujeita à mudança. Além disso, os desenvolvimentos tecnológicos e demográficos dos últimos séculos criaram condições que vieram para ficar. Em populações com fixação relativamente densa e com bens indispensáveis à sua existência continuada, é absolutamente necessário haver uma extrema divisão do trabalho e um aparelho produtivo altamente centralizado. Já lá vai o tempo – que, olhando para trás, parece ser idílico – em que os indivíduos ou grupos relativamente pequenos podiam ser completamente autossuficientes. É apenas um pequeno exagero dizer-se que a humanidade constitui, mesmo atualmente, uma comunidade planetária de produção e consumo.
Cheguei agora ao ponto em que vou indicar sucintamente o que para mim constitui a essência da crise do nosso tempo. Diz respeito à relação do indivíduo com a sociedade. O indivíduo tornou-se mais consciente do que nunca da sua dependência relativamente à sociedade. Mas ele não sente esta dependência como um bem positivo, como um laço orgânico, como uma força protetora, mas mesmo como uma ameaça aos seus direitos naturais, ou ainda à sua existência econômica. Além disso, a sua posição na sociedade é tal que os impulsos egotistas da sua composição estão constantemente a ser acentuados, enquanto os seus impulsos sociais, que são por natureza, mais fracos, se deterioram progressivamente. Todos os seres humanos, seja qual for a sua posição na sociedade, sofrem este processo de deterioração. Inconscientemente prisioneiros do seu próprio egotismo, sentem-se inseguros, sós, e privados do gozo ingênuo/infantil, simples e não sofisticado da vida. O homem pode encontrar sentido na vida, curta e perigosa como é, apenas dedicando-se à sociedade.
A anarquia econômica da sociedade capitalista, como existe atualmente, é, na minha opinião, a verdadeira origem do mal. Vemos perante nós uma enorme comunidade de produtores cujos membros lutam incessantemente para despojar os outros dos frutos do seu trabalho coletivo – não pela força, mas, em geral, em conformidade com as regras legalmente estabelecidas. A este respeito, é importante compreender que os meios de produção – ou seja, toda a capacidade produtiva que é necessária para produzir bens de consumo, bem como bens de equipamento adicionais – podem ser legalmente, e na sua maior parte são, propriedade privada de indivíduos.
Para simplificar, no debate que se segue, chamo “trabalhadores” a todos aqueles que não partilham a posse dos meios de produção – embora isto não corresponda exatamente à utilização habitual do termo. O detentor dos meios de produção está em posição de comprar a mão-de-obra. Ao utilizar os meios de produção, o trabalhador produz novos bens que se tornam propriedade do capitalista. A questão essencial deste processo é a relação entre o que o trabalhador produz e o que recebe, ambos medidos em termos de valor real. Na medida em que o contrato de trabalho é “livre”, o que o trabalhador recebe é determinado não pelo valor real dos bens que produz, mas pelas suas necessidades mínimas e pelas exigências dos capitalistas para a mão-de-obra em relação ao número de trabalhadores que concorrem aos empregos. É importante compreender que, mesmo em teoria, o pagamento do trabalhador não é determinado pelo valor do seu produto.
O capital privado tende a concentrar-se em poucas mãos, em parte por causa da concorrência entre os capitalistas e em parte porque o desenvolvimento tecnológico e a crescente divisão do trabalho encorajam a formação de unidades de produção maiores à custa de outras mais pequenas. O resultado destes desenvolvimentos é uma oligarquia de capital privado cujo enorme poder não pode ser eficazmente controlado mesmo por uma sociedade política democraticamente organizada. Isto é verdade, uma vez que os membros dos órgãos legislativos são escolhidos pelos partidos políticos, largamente financiados ou influenciados pelos capitalistas privados que, para todos os efeitos práticos, separam o eleitorado da legislatura. A consequência é que os representantes do povo não protegem suficientemente os interesses das seções sub-privilegidas da população. Além disso, nas condições existentes, os capitalistas privados controlam inevitavelmente, direta ou indiretamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil e mesmo, na maior parte dos casos, completamente impossível, para o cidadão individual, chegar a conclusões objetivas e utilizar inteligentemente os seus direitos políticos.
Assim, a situação predominante numa economia baseada na propriedade privada do capital caracteriza-se por dois principais princípios: primeiro, os meios de produção (capital) são privados e os detentores utilizam-nos como acham adequado; segundo, o contrato de trabalho é livre. Claro que não há tal coisa como uma sociedade capitalista pura neste sentido. É de notar, em particular, que os trabalhadores, através de longas e duras lutas políticas, conseguiram garantir uma forma algo melhorada do “contrato de trabalho livre” para determinadas categorias de trabalhadores. Mas tomada no seu conjunto, a economia atual não difere muito do capitalismo “puro”.
A produção é feita para o lucro e não para o uso. Não há nenhuma disposição em que todos os que possam e que iram trabalhar estejam sempre em posição de encontrar emprego; existe frequentemente um “exército de desempregados”. O trabalhador está constantemente com medo de perder o seu emprego. Uma vez que os desempregados e os trabalhadores mal pagos não fornecem um mercado rentável, a produção de bens de consumo é restrita e tem como consequência a miséria. O progresso tecnológico resulta frequentemente em mais desemprego e não no alívio do fardo da carga de trabalho para todos. O motivo lucro, em conjunto com a concorrência entre capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que conduz a depressões cada vez mais graves. A concorrência sem limites conduz a um enorme desperdício do trabalho e a esse enfraquecimento consciência social dos indivíduos que mencionei anteriormente.
Considero este enfraquecimento dos indivíduos como o pior mal do capitalismo. Todo o nosso sistema educativo sofre deste mal. É incutida uma atitude exageradamente competitiva no aluno, que é formado para venerar o sucesso de aquisição como preparação para a sua futura carreira.
Estou convencido que só há uma forma de eliminar estes sérios males, nomeadamente através da constituição de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo orientado para objetivos sociais. Nesta economia, os meios de produção são detidos pela própria sociedade e são utilizados de forma planeada. Uma economia planeada, que adeque a produção às necessidades da comunidade, distribuiria o trabalho a ser feito entre aqueles que podem trabalhar e garantiria o sustento a todos os homens, mulheres e crianças. A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa atual sociedade.
No entanto, é necessário lembrar que uma economia planeada não é ainda o socialismo. Uma tal economia planeada pode ser acompanhada pela completa opressão do indivíduo. A concretização do socialismo exige a solução de problemas sócio-políticos extremamente difíceis; como é possível, perante a centralização de longo alcance do poder econômico e político, evitar a burocracia de se tornar toda-poderosa e vangloriosa? Como podem ser protegidos os direitos do indivíduo e com isso assegurar-se um contrapeso democrático ao poder da burocracia?
A clareza sobre os objetivos e problemas do socialismo é da maior importância na nossa época de transição. Visto que, nas atuais circunstâncias, a discussão livre e sem entraves destes problemas surge sob um tabu poderoso, considero a fundação desta revista como um serviço público importante.
¹- Artigo escrito por Albert Einstein especialmente para o primeiro número da revista norte americana Monthly Review, Nova Iorque, Maio de 1949. Posteriormente, foi publicado em maio de 1998 para comemorar os cinquenta anos do primeiro exemplar do Monthly Review.
² – Veblen, Thorstein Bunde (1857-1929), economista e sociólogo norte-americano, segundo o qual as instituições da economia são influenciadas por dois instintos de base, o instinto artesão e o instinto predador. Pelo primeiro, o homem enriquece-se pelo seu trabalho, enquanto pelo segundo procura desapossar os outros dos seus bens e dos resultados do seu trabalho.
Tradução(inglês-Português) de Ademir Fábio Quinot Ströher.
Fonte Original em Inglês: Monthly Review

O que fazer para seu filho não se tornar racista

Por Odemir Silva

Po Bronson e Ashley Merryman, autores do livro ‘Filhos – Novas Ideias sobre Educação’, explicam o que você não deve fazer se o seu maior medo é ter um filho racista
Se o seu maior medo é ter um filho racista, eis o que você não deve fazer: dizer que todo mundo é igual.
Fingir que não existem diferentes cores de pele, etnias e religiões pode ter o efeito contrário do que você imaginava.
Deixa a criança confusa – afinal, ela vê que existem cores diferentes.
E cria seus próprios padrões de superioridade dentro daquela pequena cabeça abarrotada de conceitos que não consegue entender.
É o que dizem Po Bronson e Ashley Merryman, no livro Filhos – Novas Ideias sobre Educação:
“É tentador acreditar que, pelo fato da nossa geração ser tão diversa, as crianças de hoje vão crescer sabendo como lidar com gente de todas as raças. Mas muitos estudos mostram que isso é mera fantasia.”
Uma das pesquisas americanas em que os autores se baseiam mostra que mesmo em escolas modernas, com gente de várias origens, apenas de 8% a 15% dos estudantes consideram seu melhor amigo alguém de outra raça.
Isso, segundo os autores, poderia ser resolvido de forma simples: conversando desde cedo sobre o assunto.
Explicando, por exemplo, que existem peles claras e outras escuras, mas que pessoas com ambas as cores dão ótimos médicos ou engenheiros.
Outra pesquisa mostra que 75% dos pais que se consideram brancos nunca falam sobre raça com os filhos.
E quando começam, pode ser tarde demais: depois dos 8 anos é bem mais difícil alterar preconceitos.
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Quem lê livros não só é mais culto, mas também é o melhor tipo de pessoa para se apaixonar

Por Odemir Silva
Você provavelmente já conhece os inúmeros benefícios que a leitura pode trazer para sua vida.
Mas e se eu te falar que a experiência é tão significante que podemos até mesmo comprovar, com argumentos científicos, que as pessoas que leem são as melhores pessoas para se viver uma paixão?
Foi exatamente isso que a escritora norte-americana Lauren Martin fez ao publicar, no site doElite Daily, o seu artigo “Why Readers, Scientifically, Are The Best People To Fall In Love With” (em português: “Por que os leitores, cientificamente, são as melhores pessoas para se apaixonar”).
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Para te ajudar a entender o porquê dessa afirmação, separamos os melhores trechos do texto de Lauren. Confira.

“Você já leu um livro até o fim? Realmente até o fim? Capa a capa. Fechou-o com aquela sensação de voltar lentamente à realidade? Você suspira fundo e fica ali, sentado. Com o livro em suas mãos…”
“É como se apaixonar por um estranho que você nunca verá novamente. O desejo e a tristeza que sente por um caso de amor que acabou dói, mas ao mesmo tempo você se sente saciado, cheio pela experiência, a conexão, a variedade que surge após digerir outra alma. Você se sente alimentado, mesmo que por pouco tempo.”
É assim, comparando as emoções vividas em uma paixão com o processo de terminar um livro, que a autora começa a explicação para a sua afirmação. Mas a “teoria” também tem base científica.
De acordo com estudos de 2006 e 2009, publicados por Raymond Mar, psicólogo da Universidade de York, do Canadá, e por Keith Oatley, professor de psicologia cognitiva na Universidade de Toronto, quem é um profundo leitor de ficção possui maior capacidade de empatia e de desenvolver a chamada “teoria da mente”, que é a habilidade de aceitar outras opiniões, crenças e interesses, além de seus próprios.
Ou seja, os leitores são mais capazes de considerar outras ideias sem rejeitá-las e, mesmo assim, manter as suas próprias. Para ter essa característica pessoal, a autora acredita que é preciso ter uma boa “diversidade de experiências sociais” e a falta dela é provavelmente a razão para seu “último companheiro ser tão narcisista”.
A explicação para o leitor ser mais desenvolvido na “teoria da mente” é a de que ele vivencia experiências através de outros olhos, vendo o mundo de outra perspectiva e absorvendo sabedoria de cada uma delas.
“Eles aprenderam como é ser uma mulher, e um homem. Eles sabem como é ver alguém sofrer. Eles são maduros, sábios.”
Para reforçar a teoria, a autora ainda se baseia em um estudo de 2010, também de Raymond Mar, que diz que quanto mais histórias foram lidas para uma criança, mais aguçada é a “teoria da mente” dela. A criança torna-se mais sábia, adaptável e compreensiva.
“Porque ler é algo que molda você e aumenta o seu caráter. Cada triunfo, lição e momento crucial da vida do protagonista se tornam seu.”
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Confira os principais argumentos

“Eles não vão falar com você. Eles vão conversar com você.”

Segundo o artigo, os leitores escreverão cartas e versos. São eloquentes no bom sentido, não dão respostas simples, mas apresentam pensamentos profundos e teorias intensas, encantando com o conhecimento de palavras e ideias.
“Faça um favor a si mesmo e namore alguém que realmente saiba como usar a língua.”

“Eles não apenas te entendem. Eles te compreendem.”

De acordo com o psicólogo David Comer Kidd, da New School for Social Research, “O que os autores fazem de maravilhoso é transformar você no escritor. Na literatura de ficção, a incompletude das personagens faz com que sua mente tente entender a mente de outros”. Com isso, os leitores desenvolvem a capacidade da empatia. Eles podem não concordar com você, mas vão tentar ver as coisas do seu ponto de vista.
“Você deveria se apaixonar apenas por alguém que consiga ver sua alma. Deve ser alguém que não apenas te conhece, mas que te compreenda completamente.”

“Eles não são apenas intelectuais. São sábios.”

“Ser intelectual demais pode ser desagradável, mas ser sábio é algo cativante.”
Quem é que não gosta de ter um bate-papo culto e sempre aprender alguma coisa? Se apaixonar por um leitor irá melhorar o nível das conversas. Os leitores profundos são mais cultos devido ao maior vocabulário, melhor memória e pela capacidade de detectar padrões.
“Se você namora alguém que lê, então você também viverá milhares de vidas diferentes.”

Espécie em extinção

Se você gostou dos argumentos e já não vê a hora de procurar sua paixão, é preciso se apressar, pois a autora acredita que os chamados “profundos leitores” estão acabando no mundo, já que as pessoas muitas vezes apenas “passam o olho” ao invés de realmente ler.
“Se você ainda procura por alguém que te complete, que preencha o vazio em seu coração solitário, procure por essa raça que está se extinguindo. Você os encontrará em cafeterias, parques e no metrô.”
“Você os verá com mochilas, bolsas e maletas. Eles serão curiosos e sensíveis, e você saberá nos primeiros minutos de conversa com eles.”