Por: Odemir Silva[1]
Trabalho Acadêmico Apresentado por: Igor Cardoso Braga, Cursando
o 1º Ano do Ensino Médio na disciplina de Sociologia na Escola Estadual Maria
Regina Demarchi Fanani.
A sociologia surgiu, na primeira
metade do século XIX, sob o impacto da Revolução Industrial e da Revolução
Francesa. As transformações econômicas, políticas e culturais suscitadas por
esses acontecimentos criaram a impressão generalizada de que a Europa vivia o
alvorecer de uma nova sociedade.
O papel decisivo da “dupla
revolução” foi amplificado pelo debate intelectual da época. A discussão girava
em torno do caráter exemplar desses eventos, com as opiniões divididas na
avaliação de que se tratava ou não de desdobramentos irreversíveis da história.
As divergências na atribuição de significado à “nova sociedade” consolidaram
três correntes intelectuais e políticas: conservadores, liberais e radicais.
A sociologia nasce, portanto,
como uma reflexão acerca dos contornos da nova configuração histórica – daí sua
preocupação permanente em distinguir e contrapor a sociedade moderna às
sociedades tradicionais. E num ambiente marcado pela competição entre as visões
de mundo do conservadorismo, do liberalismo e do socialismo – daí seu esforço
constante para se distinguir dessas correntes, apresentando-se como uma
alternativa, científica ou mesmo crítica, em relação a tais modelos
explicativos.
A ambição intelectual da
sociologia, a tentativa de compreender, em um registro científico, a origem, o
caráter e os desdobramentos dessa nova sociedade, levou-a a se apresentar como
uma espécie de contraponto em relação às demais disciplinas das “ciências
humanas”. Assim, desde o início, a sociologia procurou diferenciar-se da
economia, da história, da geografia, da filosofia, da psicologia etc.
O esforço para construir uma
identidade própria por meio da superação das disciplinas rivais não se deu
apenas pela absorção de temáticas alheias, recuperadas como partes específicas
do saber sociológico se prenderam, sobretudo, à pretensão de atingir um padrão
de cientificidade na explicação da vida social equivalente àquele alcançado
pelas ciências naturais.
A sociologia concebe-se, assim,
não apenas como a disciplina central no campo das “ciências humanas”, mas como
um saber comparável, em termos de explicação e previsão, às próprias ciências
naturais. Essa posição, no entanto, será contrabalançada, paulatinamente, pela
compreensão de que as determinações das possibilidades futuras da sociedade não
podem ser preditas a partir dos modelos do passado, o que levou a sociologia a
situar-se, muitas vezes, como uma perspectiva crítica perante as relações
sociais vigentes.
Nas últimas décadas do século
XVIII surgiram, na Europa, dois fenômenos decisivos para a configuração do
mundo moderno: a concentração da produção de bens na “fábrica”, base do sistema
econômico fabril, e a comunidade política de “cidadãos”, livres e com direitos
iguais, vinculados ao Estado-nação.
Hoje, tendo em vista os
desdobramentos dessa matriz econômica e política, bem como o seu alcance
mundial, tornou-se consenso considerar tais transformações equiparáveis a
marcos históricos como a invenção da agricultura, da metalurgia, da escrita ou
da cidade.
Os contemporâneos desses
eventos nunca entraram em acordo acerca da provável extensão dessas mudanças.
Mas isso não os impediu de vislumbraram prontamente a importância do conjunto
de acontecimentos que deflagraram as transformações econômicas ocorridas na
Inglaterra a partir do fim da década de 1760 e a reconfiguração política
iniciada na França em 1789. Tais mudanças foram percebidas, já à época, como
uma reviravolta sem precedentes, como rupturas abruptas, como “revoluções”,
sobretudo por seu contraste com as formas predominantes no passado.
A Revolução Industrial surgiu
na Inglaterra. O pioneirismo inglês explica-se pela consolidação, ao longo do
século XVIII, de uma série de fatores:
a) relações econômicas
capitalistas que abrangiam não só o comércio, as finanças e a produção
manufatureira, mas inclusive as atividades agrícolas;
b) uma política governamental
orientada para favorecer o desenvolvimento econômico;
c) uma cultura coletiva que não
rejeitava o predomínio do dinheiro, valorizando, por conseguinte, a busca de
lucro;
d) um mercado mundial
monopolizado pela supremacia militar e naval da Inglaterra, consolidado pelas
práticas do exclusivismo colonial e do escravismo.
No decorrer do século XIX, a
industrialização, e os processos que a acompanham, expandiu-se pela Europa e
por determinadas regiões do planeta (como o norte dos Estados Unidos e o
Japão). Em todos esses lugares ocorreu um deslocamento de trabalhadores e de
recursos monetários da agricultura para a indústria, com o consequente aumento
da sua participação no total de riquezas produzidas. Com isso, o predomínio
econômico da vida agrária, bem como a estrutura social assentada em privilégios
derivados da posse da terra, foi sendo substituído por relações econômicas e
sociais tipicamente urbanas.
O mundo do trabalho já havia se
modificado substancialmente a partir do século XVII, sobretudo na Inglaterra,
com a penetração de relações capitalistas no campo. O cultivo comunal e a
agricultura de subsistência cederam lugar a uma atitude comercial, logo
monetária, diante da terra. A implantação de relações salariais no setor
agrário, no entanto, foi uma modificação pequena perante o que aconteceu na
indústria.
Primeiro, a produção deixou de
ser uma atividade individual, realizada na própria casa do trabalhador segundo
o ritmo ditado por sua habilidade e capacidade física. Tudo isso, em intervalos
de tempo que lhe permitia dedicar-se a outras tarefas, como a criação de
animais e o cultivo da terra.
Os trabalhadores passaram a se
concentrar em um só local, em fábricas, cada vez maiores, intensificando a
forma de organização iniciada pela manufatura. O trabalho parcelar tornou-se
coletivo, subordinado a um mecanismo constituído por máquinas capazes de
realizar as mesmas operações das ferramentas e movidas por uma única força
motriz.
As aptidões especiais do
artesão especializado tornaram-se dispensáveis. A racionalização dos
procedimentos, a divisão do trabalho no interior do processo produtivo, a linha
de montagem abriram espaço para a utilização do trabalho feminino e infantil. A
disciplina implantada nas fábricas subordinou a ação humana aos movimentos do
maquinismo, mas também às relações salariais, à vigilância da supervisão do
capitalista e ao ritmo inexorável, à “tirania”, do relógio.
O modelo em que a produção era
realizada por artesões, localizados em seus domicílios, em pequenos vilarejos,
desempenhando simultaneamente vários ofícios, tornou-se rapidamente obsoleto. O
sistema produtivo moderno subdividiu o trabalho entre imensas fábricas,
superespecializadas, que utilizam matérias-primas dos países mais distantes e
abastecem com seus produtos os mercados do mundo inteiro.
A Revolução Industrial não
modificou apenas os ritmos e as modalidades de organização do trabalho. Alterou
significativamente as formas e estilos de vida, o cotidiano e a cultura de
todos os segmentos da população.
O fator que mais abalou as
maneiras tradicionais de viver foi a crescente urbanização. A concentração das
fábricas em cidades manufatureiras, devido às facilidades de escoamento da
produção, assim como o incremento de atividades administrativas, educacionais,
dos serviços em geral, incentivou uma maciça transferência populacional. As
cidades inglesas tornaram-se, em breve, as maiores da Europa, um surto de
crescimento intensificado pela redução das taxas de mortalidade, que deram
início ao ininterrupto aumento populacional característico do mundo moderno.
As principais consequências
sociais da Revolução Industrial foram o crescimento da desigualdade e a
intensificação do conflito entre as classes. As novas relações de produção
cristalizaram a separação entre trabalhadores destituídos de meios de produção
e empregadores capitalistas, aumentando exponencialmente a disparidade social.
O empreendimento fabril, cada vez mais complexo, passou a exigir vultosos investimentos,
consolidando uma restrita classe de capitalistas. Esta se mostrou destemida a
ponto de enfrentar os antigos senhores, e poderosa o suficiente para determinar
os rumos da vida política e econômica.
As figuras corriqueiras de
capitalistas, o comerciante e o banqueiro, foram ofuscadas pelo “capitão de
indústria”, o responsável pela organização e controle das atividades na
fábrica, que exercia o comando impondo uma rígida disciplina sobre um exército
de trabalhadores.
A classe trabalhadora, por sua vez,
apesar do empobrecimento material e do desenraizamento social, tornou-se mais
numerosa, homogênea e concentrada. Nos grandes centros fabris, nas cidades
manufatureiras as rebeliões não tardaram.
Primeiro, foram insurreições
contra as máquinas que dispensavam o trabalho do mestre ferramenteiro ou
economizavam trabalhadores. Nas primeiras décadas do século XIX, o movimento
ludista (que tomava por alvo as inovações, as mercadorias, e até mesmo os
inventores) foi suplantado por novas formas de conflito. O embate entre
empregadores e empregados deslocou-se para a luta sindical e política,
estabelecendo outros objetivos: a redução da jornada diária de trabalho para
10hs, a implantação da assistência social pública, a reforma do sistema
eleitoral e do parlamento. Os trabalhadores agruparam-se em partidos
influenciados pela democracia radical e pelo socialismo.
A Revolução Industrial
desencadeou e intensificou um incessante movimento de inovação tecnológica,
econômica e social – a generalização da economia industrial –, que mudou a face
da Terra. As novas relações econômicas decorrentes da organização do sistema
produtivo em torno das fábricas foi a chave para a implementação de “um novo
ritmo de vida, uma nova sociedade, uma nova época histórica”.
A passagem de sociedades
tradicionais ao mundo moderno tornou-se um ideal e um objetivo quase
universais. O primeiro passo para a modernização social consistiria, então, em
repetir os movimentos da revolução industrial inglesa. O que aconteceu lá, de
forma contingente e quase aleatória, tornou-se objeto de planejamento, de ação
deliberada. Na ausência das mesmas condições da Inglaterra à época, a teoria
social procurou destacar os elementos centrais daquele processo, repensando as
origens históricas e o desenvolvimento da sociedade moderna.
Para alguns se tratava de um
processo puramente econômico dependente de altas taxas de acumulação de
capitais e de investimentos; de juros baixos; de uma gestão empresarial
racionalizada; de inovações tecnológicas e da ampliação do consumo. Para
outros, as mudanças nas formas de produção só se deslancham a partir da
intervenção do Estado. Supõe uma burocracia governamental eficaz voltada para a
transformação da ordem social e institucional, facilitando uma maior
disponibilidade de capitais e de força de trabalho, de matérias-primas e de
infraestrutura, promovendo a desregulamentação do sistema produtivo e
corporativo, incentivando reformas no setor agrário, ampliando o sistema
educacional etc.
O triunfo da indústria
capitalista modificou profundamente as mentalidades, consolidando os valores
propostos pelo Iluminismo. O projeto de libertar os indivíduos do
tradicionalismo, da superstição, da hierarquia baseada em critérios irracionais
tornou-se um dos pilares da emergente sociedade burguesa. Até mesmo o cultivo
do “individualismo secular e racionalista” foi vinculado à perspectiva de um
crescimento econômico incessante.
A própria concepção de vida
social alterou-se bruscamente. Não se tratava mais de seguir a tradição, a
estática de uma posição estabelecida pelo nascimento, mas de situar-se em uma
dinâmica social em constante transformação e movimento. O ritmo da modificação
econômica fortaleceu a convicção iluminista de que a racionalidade, o
conhecimento, a riqueza, a tecnologia, o controle sobre a natureza, em suma, a
sociedade estaria sujeita a um progresso ilimitado.
Quais sistemas a sociologia usou para a reorganização?
A sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação
teórico-metodológica dominante. Ela traz diferentes estudos e diferentes
caminhos para a explicação da realidade social. Assim, pode-se claramente
observar que a sociologia tem ao menos três linhas mestras explicativas,
fundadas pelos seus autores clássicos, das quais podem se citar, não
necessariamente em ordem de importância:
1) a positivista-funcionalista,
tendo como fundador Auguste Comte e
seu principal expoente clássico em Émile Durkheim, de fundamentação analítica;
2) a sociologia compreensiva
iniciada por Max Weber, de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva;
e
3) a linha de explicação
sociológica dialética, iniciada
por Karl Marx, que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretendendo a tal,
deu início a uma profícua linha de explicação sociológica.
A sociologia, assim, vai debruçar-se sobre
todos os aspectos da vida social. Desde o funcionamento de estruturas
macrossociológicas como o Estado, a classe social ou longos processos
históricos de transformação social, até o comportamento dos indivíduos num nível microssociológico, sem
jamais esquecer-se que o ser humano só pode existir na sociedade e que esta,
inevitavelmente, lhe será uma "jaula" que o transcenderá e lhe
determinará a identidade.
Para compreender o surgimento da sociologia
como ciência do século XIX, é importante perceber que, nesse contexto histórico
social, as ciências teóricas e experimentais desenvolvidas nos séculos XVII,
XVIII e XIX inspiraram os pensadores a analisar as questões sociais,
econômicas, políticas, educacionais, psicológicas, com enfoque científico.
O sociólogo dentro da organização intervem
diretamente sobre os resultados da empresa, contribuindo com os lucros e
resultados da organização. Quando a organização é observada e estudada, podem
se verificar as falhas e assim alterar seu sistema de funcionamento e gerar
lucro.
Como a sociologia era entendida?
Era entendida como válida por Comte, pois na sua época na questão as
ciências exatas e naturais eram entendidas como sinônimos de ciência pura, logo
todos e qualquer pensador que buscasse compreensões da lógica da razão (longe
da visão religiosa) deveria em muitos casos recorrer aos métodos ou das
ciências exatas ou naturais.
Augusto Comte examina a necessidade de haver uma disciplina que se
dedique ao estudo científico da sociedade. Primeiramente, Comte chama de física
social. Com relação a este primeiro nome da posterior Sociologia, podemos fazer
uma reflexão sobre como trabalha a física, ou mesmo a estática e a dinâmica,
Neste sentido, Comte objetivava analisar os problemas sociais como elementos
das ciências físicas e naturais.
Hoje como a sociologia é vista?
A Sociologia pode ser descrita como uma ciência
positiva que estuda a formação, transformação e desenvolvimento das sociedades
humanas e seus fatores, econômicos, culturais, artísticos e religiosos, enfim
possui uma vasta acepção. Já o Direito pode ser vislumbrado como uma ciência
normativa, que estabelece e sistematiza as regras necessárias para assegurar o
equilíbrio das funções do organismo social. Diante disto percebe-se que é de
fundamental importância o aprofundamento deste estudo e a percepção que se deve
ter do real sentido existente entre a Sociologia e o Direito, como ciências
essenciais que o são.
Ao contrário das explicações
filosóficas das relações sociais, as explicações da Sociologia não partem
simplesmente da especulação de gabinete, baseada, quando muito, na observação
casual de alguns fatos. Muitos dos teóricos que almejavam conferir à sociologia
o estatuto de ciência, buscaram nas ciências naturais as bases de sua
metodologia já mais avançada, e
as discussões epistemológicas mais desenvolvidas. Dessa forma foram empregados
métodos estatísticos, a observação empírica, e um ceticismo metodológico a fim
de extirpar os elementos "incontroláveis" e "dóxicos"
recorrentes numa ciência ainda muito nova e dada a grandes elucubrações. Uma
das primeiras e grandes preocupações para com a sociologia foi eliminar juízos
de valor feitos em seu nome. Diferentemente da ética, que visa discernir entre
bem e mal, a ciência se presta à explicação e à compreensão dos fenômenos,
sejam estes naturais ou sociais.
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