As elaborações da CEPAL e a teoria da dependência na
perspectiva de Fernando Henrique e Enzo Falleto
Conforme Renato Perim Colistete em seu texto sobre O
desenvolvimentismo cepalino: problemas teóricos e influências no Brasil.
Observo que há uma contribuição para a reflexão assimétrica entre países que
compõe o sistema mundial, “a teoria do
subdesenvolvimento elaborada pela CEPAL alcançou grande sucesso na América
Latina. No Brasil em particular, esse sucesso ocorreu não só entre policy
makers, mas também entre empresários industriais e, ao longo do tempo, no meio
acadêmico”. Pag. 21. A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) que
é formada por pensadores Latino – Americanos desenvolveu uma estrutura
conceitual própria que futuramente legitimaram as propostas de política
econômica e esse conjunto de teorias deu substância ao desenvolvimentismo
cepalino, que propunha que a industrialização apoiada pela ação do Estado seria
a forma básica de superação do subdesenvolvimento latino – americano, pag. 21
Conforme Perim “o
objetivo do autor neste artigo é exatamente o de discutir as questões antes
indicadas: primeiro, até que ponto o sucesso do desenvolvimentismo cepalino
esteve associado à estrutura teórica elaborada pelos autores da CEPAL; segundo,
de que forma a teoria cepalina pode ter influenciado o pensamento econômico
brasileiro subseqüente?”, pag. 22.
A CEPAL aparece na América – Latina e logo começa a
desenvolver um ótimo trabalho que é colocar ordem na casa, até porque o cenário
do Brasil nesse momento é de muita confusão, pois o país esta saindo de um
momento de domínio e vislumbra em uma liberdade para o mundo de então, só não
esperava que num futuro próximo retardasse todo o seu avanço, isto foi em 1964.
Portanto o autor do texto apresenta essa dificuldade
do Brasil, que estava saindo de um estado de inferior e indo para um superior,
e ressalta que o atraso seria justamente essa dependência da Europa ou dos
Estados Unidos e que um avanço na economia seria justamente a libertação da
dependência desses países.
O desenvolvimento que é preciso em qualquer
sociedade será com a sincronia do país com a sociedade e nela uma política que
possa conduzir as situações para um crescimento socioeconômico, a Cepal tem
esse papel de estudar e dar as diretrizes para que a sociedade possa
desenvolver de forma igualitária, estudando os fenômenos existentes na
sociedade, “a importância dessa questão
está no fato de que dificilmente a CEPAL teria tido o impacto que teve se as
suas propostas de políticas econômicas não estivessem fundamentadas em uma
teoria razoavelmente consistente, plausível e relevante para a realidade
latino-americana”. Pag. 22
O subdesenvolvimento conforme o escritor do texto na
pag. 23 diz que “o ritmo de incorporação
do progresso técnico e o aumento de produtividade seriam significativamente
maiores nas economias industriais (centro) do que nas economias especializadas
em produtos primários (periferia), o que levaria por si só a uma diferenciação
secular da renda favorável às primeiras. Além disso, os preços de exportação
dos produtos primários tenderiam a apresentar uma evolução desfavorável frente
à dos bens manufaturados produzidos pelos países industrializados. Como resultado,
haveria uma tendência à deterioração dos termos de troca que afetaria
negativamente os países latino-americanos através da transferência dos ganhos
de produtividade no setor primário-exportador para os países industrializados”.
É importante marcar esse momento devido a diferença
de centro e periferia e que a CEPAL esclarece o papel de ambos, “... a expansão das indústrias de bens de
capital nos países centrais estaria relacionada a inovações técnicas e reduções
de custo, que teriam um efeito positivo sobre a produtividade, os lucros, a
demanda de empregos e novos investimentos em máquinas e equipamentos. Sob essa
perspectiva, portanto, o núcleo da geração e difusão do progresso técnico seria
menos a indústria em geral do que a indústria de bens de capital, tornando-se o
desenvolvimento dessa última um requisito importante para a superação da
condição periférica”. Pág. 26
Portanto penso eu que essa situação de desconforto
que foi gerada, até porque foi preciso, pois a sociedade estava em pleno
desenvolvimento foi passageira e vivemos outra realidade e que já foram
superadas muitas coisas que surgiu nessa dinâmica e continuamos em intenso
desenvolvimento, porém as estruturas podem mudar para que a dinâmica não pare.
Penso que a condição para essa estrutura pode ajudar e muito e para isso é
necessário que haja uma política que atue de forma energética.
Na visão do autor do texto Renato Perim Colistete, as
relações que as classes dominantes estabeleceram com os países centrais foram
de apenas tê-los como parceiros dentro do desenvolvimentismo que estava
passando o Brasil, e também o crescimento fez com que amadurecessem as relações
internacionais, pois agora estava saindo de um país dependente para em breve
comemorar sua libertação do imperialismo tanto europeu quanto dos Estados
Unidos.
Conforme Perim, “uma
perspectiva similar das estruturas pode ser encontrada em diferentes correntes
do pensamento econômico brasileiro. Segundo diversas variantes da teoria da
dependência, por exemplo, as estruturas econômicas, sociais e políticas
herdadas do período clássico (agro-exportador) da dependência condicionadas
trajetórias subseqüentes e podem, no máximo, dar lugar a novas formas de
dependência (nova dependência, industrial-periférica, associada-dependente),
pág. 28.
A atividade agrária foi vista pelo o autor como uma
área que precisava da industrialização, e que através de investimentos do
imperialismo houvesse um crescimento socioeconômico na região, porém surgi
também a exploração da mão de obra e que as classes sociais se compuseram para
reivindicar seus direitos sobre as terras dominadas, conforme a página 28, “na teoria cepalina, a dominância do setor
primário-exportador reproduz baixo progresso técnico, deterioração dos termos
de troca e a condição periférica. Na teoria da dependência, as diferentes
formas de inserção internacional geram a impossibilidade de um desenvolvimento
autônomo e genuíno. Na teoria do capitalismo tardio, as forças produtivas se
desenvolvem e dão lugar à plena autodeterminação do capital quando são instaladas
as indústrias do setor de bens de produção”.
Conforme o texto de Fernando Henrique Cardoso e Enzo
Faletto, “Repensando Dependência e desenvolvimento na América Latina” o atraso
que se encontrava no Brasil era devido o não investimento de empresas estrangeiras
para produzir capital aqui e que era preciso avançar fazendo alianças com o
imperialismo Americano ou até mesmo Europeu, fazendo assim haveria o
desenvolvimento tanto almejado e na verdade seríamos o país periférico junto
com os demais da América – Latina e essa situação não seria passageira e sim se
estabeleceria a dominação do imperialismo, como foi tentado em 64 e perdurou
por vinte longos anos.
Para os autores a dependência seria a solução tudo
por causa do capital estrangeiro, que de certa forma não podemos negar que a
sua inserção promoveu o avanço industrial, porém também promoveu a dependência
do imperialismo que foi no meu ponto de vista pior, uma vez que a política era
capitalista.
Na relação agrária e industrial observo que a
estratégia é a mesma, porém ficaria na periferia sem avanço, pois com a
industrialização do setor a riqueza produzida seria enviada para fora do país e
o Brasil ficaria em um estado de pobreza, no meu ponto de vista, pois imperaria
o domínio dos soberanos e mais uma vez continuaríamos devedor.
Finalizando essa reflexão e reconheço que com muitas
falhas até porque a complexidade do assunto dificulta o meu raciocínio e me
vejo na necessidade de ler outros autores ou pensadores da época e até
contemporâneo para melhor compreensão, porém no começo até tentei extrair do
texto algumas bases, mas no meio do caminho me vi perdido, preciso estudar mais
sobre o assunto para fazer uma reflexão mais apurada. Mas observei que o texto sobre as elaborações
da CEPAL tem maior consistência no que se refere o social e já na reflexão
sobre o texto do sociólogo Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, percebo
que há uma divergência, uma distância do que a CEPAL propõe, é como se FHC e
Faletto, propusessem outra teoria por cima da já existente.
Odemir Silva