terça-feira, 30 de outubro de 2012

PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E ELEIÇÕES


O poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht disse: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Não lê, não ouve nem participa dos acontecimentos políticos. Não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem de decisões políticas”.
A cada campanha eleitoral que se inicia ficamos na expectativa de assistir a mais uma disputa acirrada entre os principais candidatos a diversos cargos públicos. Sempre levantamos a pergunta: e nós, de que lado estaremos? Como vamos participar de mais um pleito eleitora?
 Por onde andamos, nos deparamos com cartazes, faixas e santinhos dos candidatos jogados ao vento, e o que mais ouvimos são frases como: “política e coisa suja formam um par perfeito”, “a política é um antro de corrupção”, “esse país não tem mais jeito, vou anular o meu voto”, e por aí vai. O difícil nesse cenário de ceticismo e absenteísmo é convencer alguém de que Política é ma coisa importante e que o desencanto não pode justificar tudo.
Ninguém nega, por outro lado, que muitas vezes nos sentimos desolados, indefesos, incapazes de mudar alguma coisa, mas é por meio da participação dos cidadãos que se poderá dar um novo rumo à política no país e afastar a leva dos maus políticos que advogam em causa própria o de grupos privados que se apossam da coisa pública.
A hora é agora, porque “da ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”, conclui Bertolt Brecht.
Por isso, não faça de sua omissão a justificativa para dizer que as coisas estão como estão e continuarão tal qual. E para aqueles que ainda insistem em continuar dizendo com o peito estufado “eu não gosto de política”, cito:
“... hoje, o exercício da Política nas suas múltiplas dimensões, por qualquer pessoa, é um projeto contra o biocídio. É realmente um projeto contra o biocídio, a favor da vida em mim, no outro – da vida no planeta. Esse antibiocídio é um projeto muito mais amplo do que a minha vida exclusivamente individual. É uma recusa à idéia de que há uma banalidade na existência. Desse ponto de vista, para mim, ele é uma energia vital”.
Então, se você também assumir essa atitude, “eu não gosto de política...”, não adianta reclamar do país que tem. O compromisso também é seu para alterar o nosso quadro político para melhor.
Fonte: Revista Ciência &Vida, ano VII, nº 75, outubro de 2012, pag. 38

Odemir Silva
Ciências Política

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Resumo crítico sobre, “Caio Prado Júnior e o desenvolvimento econômico brasileiro”



Conforme João Antonio de Paula, Caio Prado Junior apresenta uma tese na faculdade de direito da Universidade de são Paulo para concorrer à cátedra de economia Política em 1954. Prado desenvolveu vários trabalhos importantes na área das Ciências sociais, sendo esse material um instrumento analítico para o marxismo.
Penso eu que por ter um conhecimento profundo na área das Ciências Sociais Prado desenvolve um pensamento de esquerda, pois no decorrer do seu trabalho observo que visa a questão social. Começando por “entender a colonização portuguesa, a presença e a empresa portuguesa na América...”. Portanto partindo desse pressuposto a colonização aqui foi um desastre para os nativos dessa terra.
Segundo Antônio sua crítica não esta em torno da tese de Prado “Diretrizes para uma Política Econômica Brasileira”, pois passado cinqüenta anos é possível estudar essa tese, pois a leitura de Prado estava correta e vislumbram hoje como uma profecia, que acompanhou um período difícil no Brasil dos anos pós 1954.
 Antônio cita que “em 1954 foram publicados no Brasil dois livros fundamentais para a economia política brasileira: Economia Brasileira, de Celso Furtado, e Diretrizes para uma Política Econômica Brasileira, de Caio Prado Júnior”,  esse livros conforme Antônio “são manifestações” do tempo em que, segundo penso eu, é percebido que a desigualdade econômica da época não são causas naturais e sim reflexo de uma administração onde impera raízes imperiais.
Através dos trabalhos de Raul Prebisch na CEPAL, “abriram-se uma temporada de contribuições decisivas para a construção de uma teoria do desenvolvimento econômico”, acredito que essas literatura contribuíram para que Caio Prado Junior e tantos outros tivessem como apoio sua teoria e avançasse no desenvolvimento de um conceito para o desmembramento do domínio imperial, que perdurou por longos anos nos países invadidos pelos europeus.
Me chama a atenção de um livro “Riquezas e Pobrezas das Nações” de David Landes, onde segundo Antônio contribuiu para “resistir o capitalismo”, porém me parece que Lande não era tão socialista como parecia. Após a segunda guerra é evidente uma crise em vários países principalmente nos mais pobres, despertando para pensar-se em uma forma de conduzir o país num momento tão crítico.
Nesse contexto como diz Antônio há importantes contribuições extraídas da tese de Prado;
a) pela ampla mobilização de conhecimentos históricos que realiza;
b) pela consistência e segurança da argumentação;
c) pelas implicações políticas que decorrem de sua análise;
d) pela compreensão de conjunto da realidade econômica brasileira.
Prado argumenta que independente do desenvolvimento depender das importações, penso eu, não temos ainda uma forma econômica de administrar nossas riquezas pois ainda dependíamos de bens que vinham de fora do país , portanto com condições de gerar riqueza para o próprio país ficávamos dependendo do capital de fora e logo então vivíamos a teoria da dependência.
Lendo esse artigo percebo que Prado era realmente esquerda ao ponto de debater com economistas “brasileiros e estrangeiros”, levando em consideração nesse debate o “...a deterioração dos termos de troca, a validade e eficácia do planejamento econômico, as fontes de financiamento para o desenvolvimento, a importância do mercado interno e dos capitais externos no processo de desenvolvimento.” Com essa postura percebo que Prado é um “marxista praticante”.
Penso que através de Prado e principalmente em um período de transformações no Brasil foi possível introduzir o marxismo na classe mais elitistas apesar de que em pouco tempo adentraríamos em um processo de “Ditadura” onde ficaria difícil para propagar essa idéia, mas penso eu, que os intelectuais daquela época ao lerem Prado se conscientizaram da importância da prática dessa teoria marxista, que percebo que seria a descentralização do poder econômico centralizado no governo e distribuir de forma igualitária essa riqueza entre as classes mais pobres do país.
Porém como disse anteriormente após 1964, o Brasil toma outro rumo e infelizmente os militares vende o país e torna-o escravo de grandes potências fazendo que o país se afundasse cada vez mais, “para buscar servir à dívida externa, que cresceu significativamente a partir de 1981, em decorrência da elevação dos juros dos títulos da dívida pública norte-americana...”, devido a essa circunstância o Brasil aumenta a produção interna defasando o trabalhador e foi onde gerou a insatisfação do povo e culminou em “Diretas Já”, penso assim, pois fazendo a leitura desse artigo e montando o quebra cabeça da história vejo a evolução do capital brasileiro hoje, com um governo igualitário.
Conforme Antônio Prado morre, porém vê que não estava tão distante assim até porque percebo que o autor do artigo cita vários países onde se propagou essa tese de Prado ainda que por outros pensadores mas que surtiram efeitos de forma que serviu de exemplo para Prado, e que hoje percebemos que a sua teoria de muitos anos atrás esta em prática no Brasil, ainda que com muita dificuldade principalmente no contexto político, e por termos em nossas raízes o imperialismo que ficou do tempo da colonização do nosso Brasil.

Odemir Silva

Foto no Facebook mostra PM dando “bronca” em alunos em escola de SP


Foto: Reprodução/ Facebook


Nesta quarta-feira (24), um policial militar entrou sem autorização em uma sala de aula do ensino fundamental do CEU Parque Bristol, na zona sul de São Paulo, para repreender alunos que estariam chamando os policias de "coxinha" pela janela.
Uma foto do momento da "bronca" foi divulgada no Facebook e compartilhada por mais de 1.600 pessoas até a publicação deste post. Nos comentários, há relatos de que o policial teria ameaçado e coagido os alunos.
No perfil Mães de Maio há o seguinte texto acompanhando a foto: "... as crianças mexeram com eles pela janela chamando-os de 'coxinha'. Isso foi o suficiente para eles invadirem a escola, entrarem nessa sala de oitava série e cometer atrocidades como ameaças de morte, coação, engatilhar armas, humilhá-los, chamá-los de marginais, enfim...atitudes dignas de homens 'corajosos'. Esse é nosso pais. Essa escola é municipal. CEU EMEF Parque Bristol".
A Secretaria Municipal de Educação confirma que o policial entrou na escola para repreender os estudantes sem pedir autorização. A SME comunicou o fato à SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado) e a gestora da unidade entrou em contato com o 46º Batalhão da Polícia Militar logo após o ocorrido.
De acordo com o setor de Comunicação Social da PM, "o secretário Antonio Ferreira Pinto determinou que a ocorrência seja rigorosamente investigada pela Corregedoria da Polícia Militar". A nota divulgada pela PM também afirma que "a SSP não tolera abusos de policiais e, se confirmadas as denúncias, eles serão afastados e punidos". (vi no Facebook).

Fonte: Portal Yahoo

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Olhares sobre a América Latina


As elaborações da CEPAL e a teoria da dependência na perspectiva de Fernando Henrique e Enzo Falleto

Conforme Renato Perim Colistete em seu texto sobre O desenvolvimentismo cepalino: problemas teóricos e influências no Brasil. Observo que há uma contribuição para a reflexão assimétrica entre países que compõe o sistema mundial, “a teoria do subdesenvolvimento elaborada pela CEPAL alcançou grande sucesso na América Latina. No Brasil em particular, esse sucesso ocorreu não só entre policy makers, mas também entre empresários industriais e, ao longo do tempo, no meio acadêmico”. Pag. 21. A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) que é formada por pensadores Latino – Americanos desenvolveu uma estrutura conceitual própria que futuramente legitimaram as propostas de política econômica e esse conjunto de teorias deu substância ao desenvolvimentismo cepalino, que propunha que a industrialização apoiada pela ação do Estado seria a forma básica de superação do subdesenvolvimento latino – americano, pag. 21
Conforme Perim “o objetivo do autor neste artigo é exatamente o de discutir as questões antes indicadas: primeiro, até que ponto o sucesso do desenvolvimentismo cepalino esteve associado à estrutura teórica elaborada pelos autores da CEPAL; segundo, de que forma a teoria cepalina pode ter influenciado o pensamento econômico brasileiro subseqüente?”, pag. 22.
A CEPAL aparece na América – Latina e logo começa a desenvolver um ótimo trabalho que é colocar ordem na casa, até porque o cenário do Brasil nesse momento é de muita confusão, pois o país esta saindo de um momento de domínio e vislumbra em uma liberdade para o mundo de então, só não esperava que num futuro próximo retardasse todo o seu avanço, isto foi em 1964.
Portanto o autor do texto apresenta essa dificuldade do Brasil, que estava saindo de um estado de inferior e indo para um superior, e ressalta que o atraso seria justamente essa dependência da Europa ou dos Estados Unidos e que um avanço na economia seria justamente a libertação da dependência desses países.
O desenvolvimento que é preciso em qualquer sociedade será com a sincronia do país com a sociedade e nela uma política que possa conduzir as situações para um crescimento socioeconômico, a Cepal tem esse papel de estudar e dar as diretrizes para que a sociedade possa desenvolver de forma igualitária, estudando os fenômenos existentes na sociedade, “a importância dessa questão está no fato de que dificilmente a CEPAL teria tido o impacto que teve se as suas propostas de políticas econômicas não estivessem fundamentadas em uma teoria razoavelmente consistente, plausível e relevante para a realidade latino-americana”. Pag. 22
O subdesenvolvimento conforme o escritor do texto na pag. 23 diz que “o ritmo de incorporação do progresso técnico e o aumento de produtividade seriam significativamente maiores nas economias industriais (centro) do que nas economias especializadas em produtos primários (periferia), o que levaria por si só a uma diferenciação secular da renda favorável às primeiras. Além disso, os preços de exportação dos produtos primários tenderiam a apresentar uma evolução desfavorável frente à dos bens manufaturados produzidos pelos países industrializados. Como resultado, haveria uma tendência à deterioração dos termos de troca que afetaria negativamente os países latino-americanos através da transferência dos ganhos de produtividade no setor primário-exportador para os países industrializados”.
É importante marcar esse momento devido a diferença de centro e periferia e que a CEPAL esclarece o papel de ambos, “... a expansão das indústrias de bens de capital nos países centrais estaria relacionada a inovações técnicas e reduções de custo, que teriam um efeito positivo sobre a produtividade, os lucros, a demanda de empregos e novos investimentos em máquinas e equipamentos. Sob essa perspectiva, portanto, o núcleo da geração e difusão do progresso técnico seria menos a indústria em geral do que a indústria de bens de capital, tornando-se o desenvolvimento dessa última um requisito importante para a superação da condição periférica”. Pág. 26
Portanto penso eu que essa situação de desconforto que foi gerada, até porque foi preciso, pois a sociedade estava em pleno desenvolvimento foi passageira e vivemos outra realidade e que já foram superadas muitas coisas que surgiu nessa dinâmica e continuamos em intenso desenvolvimento, porém as estruturas podem mudar para que a dinâmica não pare. Penso que a condição para essa estrutura pode ajudar e muito e para isso é necessário que haja uma política que atue de forma energética.
Na visão do autor do texto Renato Perim Colistete, as relações que as classes dominantes estabeleceram com os países centrais foram de apenas tê-los como parceiros dentro do desenvolvimentismo que estava passando o Brasil, e também o crescimento fez com que amadurecessem as relações internacionais, pois agora estava saindo de um país dependente para em breve comemorar sua libertação do imperialismo tanto europeu quanto dos Estados Unidos.
Conforme Perim, “uma perspectiva similar das estruturas pode ser encontrada em diferentes correntes do pensamento econômico brasileiro. Segundo diversas variantes da teoria da dependência, por exemplo, as estruturas econômicas, sociais e políticas herdadas do período clássico (agro-exportador) da dependência condicionadas trajetórias subseqüentes e podem, no máximo, dar lugar a novas formas de dependência (nova dependência, industrial-periférica, associada-dependente), pág. 28.
A atividade agrária foi vista pelo o autor como uma área que precisava da industrialização, e que através de investimentos do imperialismo houvesse um crescimento socioeconômico na região, porém surgi também a exploração da mão de obra e que as classes sociais se compuseram para reivindicar seus direitos sobre as terras dominadas, conforme a página 28, “na teoria cepalina, a dominância do setor primário-exportador reproduz baixo progresso técnico, deterioração dos termos de troca e a condição periférica. Na teoria da dependência, as diferentes formas de inserção internacional geram a impossibilidade de um desenvolvimento autônomo e genuíno. Na teoria do capitalismo tardio, as forças produtivas se desenvolvem e dão lugar à plena autodeterminação do capital quando são instaladas as indústrias do setor de bens de produção”.
Conforme o texto de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, “Repensando Dependência e desenvolvimento na América Latina” o atraso que se encontrava no Brasil era devido o não investimento de empresas estrangeiras para produzir capital aqui e que era preciso avançar fazendo alianças com o imperialismo Americano ou até mesmo Europeu, fazendo assim haveria o desenvolvimento tanto almejado e na verdade seríamos o país periférico junto com os demais da América – Latina e essa situação não seria passageira e sim se estabeleceria a dominação do imperialismo, como foi tentado em 64 e perdurou por vinte longos anos.
Para os autores a dependência seria a solução tudo por causa do capital estrangeiro, que de certa forma não podemos negar que a sua inserção promoveu o avanço industrial, porém também promoveu a dependência do imperialismo que foi no meu ponto de vista pior, uma vez que a política era capitalista.
Na relação agrária e industrial observo que a estratégia é a mesma, porém ficaria na periferia sem avanço, pois com a industrialização do setor a riqueza produzida seria enviada para fora do país e o Brasil ficaria em um estado de pobreza, no meu ponto de vista, pois imperaria o domínio dos soberanos e mais uma vez continuaríamos devedor.
Finalizando essa reflexão e reconheço que com muitas falhas até porque a complexidade do assunto dificulta o meu raciocínio e me vejo na necessidade de ler outros autores ou pensadores da época e até contemporâneo para melhor compreensão, porém no começo até tentei extrair do texto algumas bases, mas no meio do caminho me vi perdido, preciso estudar mais sobre o assunto para fazer uma reflexão mais apurada.  Mas observei que o texto sobre as elaborações da CEPAL tem maior consistência no que se refere o social e já na reflexão sobre o texto do sociólogo Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, percebo que há uma divergência, uma distância do que a CEPAL propõe, é como se FHC e Faletto, propusessem outra teoria por cima da já existente.

Odemir Silva

A Constituição dos estados Independentes na América Latina não significou uma superação da situação de colonialidade



A produção histórica da América começa com a chegada dos europeus, que subestimando seus moradores e não os respeitando retira deles tudo o que tem destruindo o que até então poderíamos chamar de produção ainda que insignificante aos olhos dos exploradores, porém culturalmente riquíssimo.
Após exterminarem em pouco tempo a população da América inicia-se então a implantação da cultura européia, uma vez que a civilização que aqui estava desaparece é preciso levantar outra civilização com novos paradigmas na nova sociedade, que traz consigo culturas diretamente da Europa. Começa então a dominação sobre todos os povos e a exploração de terras, culturas submetendo à sua dominação.
Conforme a tele-aula com o professor Paulo Barrera, entendo que os povos que moravam na América compunham de uma diversidade de raças, até mesmo quem sabe algumas expulsas da própria Europa, porque aqui na América não especificamente só no Brasil, mas sim em toda a América incluindo os futuros países que compões esse vasto continente era composto por essa diversidade de raças, que segundo o resumo “Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina” de Aníbal Quijano a idéia de “raça” é produzida para dar sentido às novas relações de poder entre “índios” e ibéricos, as vítimas originais, primordiais, dessas relações e dessa idéia são, pois, os “índios”. Há um contexto dessa idéia de “índios”, pois nos remete a cultura implantada pelos cristãos da contra-reforma sobre os mulçumanos e judeus do sul da Ibéria e da Europa, conforme Aníbal Quijano.
Através do trabalho escravo que esses colonizadores impuseram sobre os “índios” e negros que foram transportados da África para a América justamente para serem escravos e trabalharem sob o domínio dos colonizadores, esses extraíram ou saquearam não só a cultura que aqui estava mas também a extração de ouro principal minério aqui encontrado, o pau-brasil que foram transportados para a Europa enquanto aqui não se deixava nada, pelo contrário se tirava o que podia.
A colonialidade que se desenvolveu apartir do século XV, e oprimiu a América de então, teve que encarar a libertação desses povos que foram dominados por um longo tempo, porém apartir do século XVIII começa a despertar nesses povos e penso eu que, através da influência de pensadores naquela época que já queriam se libertar do colonialismo europeu surgir de fato a tão bendita libertação de cada país.
Já no século XIX podemos ver um grande avanço na América em vista do seu passado oprimido e apartir de então começa um novo momento, pois com a libertação de todos os povos ou país do colonialismo europeu e por último Cuba, percebe-se ainda certa dependência desse colonialismo impregnado na América, até porque com o extermínio dos povos que residiam aqui surgi uma nova sociedade criada por seus opressores e com esse perfil dominador, fazendo que muita coisa ainda hoje tenha esse vínculo com a Europa.
 Deixando enraizada a briga pelo poder, pois foi isso que ficou na sociedade implantada e perdurou por muito tempo, fazendo da América uma de terra de muitas guerras internas no século XIX e o reflexo dessas guerras foi o atraso em diversas áreas da sociedade fazendo que os dominadores se aproveitassem desse momento e continuassem a explorar os povos.
Ao refletir hoje sobre esse assunto que posso estar equivocado em muitas das minhas colocações, mas observo que ainda há sim pouca, mas tem influência da Europa nesse continente, prova disso é a produção literária que ainda não conseguimos andar com nossas próprias pernas, a América, penso eu, esta começando a produzir agora, logo então somente no futuro poderá dizer se ainda estamos libertos de fato.

Odemir Silva

O Brasil e a questão racial



Fazendo uma reflexão do texto de Ruy Mauro Marini é claro o pensamento latino-americano sobre a dependência e produção. Na minha reflexão, penso que apartir do início do século XIX, através de pensadores Europeus como Auguste Comte, que sem desvincular inteiramente a sociologia e filosofia, proclamará a ordem social burguesa como uma ordem em si mesma, um organismo perfeito, mas imutável, expressão definitiva do normal, contra o qual toda ação contrária seria indicativa de um desvio, quer dizer, uma manifestação de tipo patológica, conforme o texto de Marini.
A sociologia chega à América-Latina num momento onde havia sido proclamada sua “independência” e conforme diz Marini: “nesta sociedade dependente da América - Latina ser culto significava estar em dia com as novidades intelectuais que eram produzidas na Europa, a cultura de nossos pensadores era medida pela profundidade de seu conhecimento a respeito das correntes de pensamento européias e a elegância com que aplicavam as idéias importadas em nossa realidade”.
Logo percebo que a América-Latina que foi colonizada pelos Europeus também é influenciada a ter um sistema de pensamento igual os vigentes da época e que se moldava conforme o desenvolvimento na Europa, porém a população que aqui se formou com a miscigenação de três raças, o índio, o negro e o europeu percebem que estão sendo explorados, conforme diz Marini: “os intelectuais nativos não podiam deixar de observar as diferenças que esse tipo de organização social apresentava em relação às sociedades européias...”.
Continua Marini: “dessa forma, esses países, às voltas com uma significativa população indígena ou negra, não titubearam em responsabilizar a mestiçagem pelos problemas de sua situação social, política e cultural, chegando a fazê-lo, às vezes, de maneira extremamente brutal “Impuros, ambos” – dizia Bunge referindo-se tanto aos mestiços como aos mulatos – “ambos atavicamente anticristãos, são como duas cabeças de uma hidra enorme que rodeia, espreita e estrangula, entre seu espiral gigantesco, uma bela e pálida virgem: a América espanhola”.
Portanto surgi em meio a essa sociedade um desconforto e “até mesmo sem ocultar seu desprezo e até seu ódio pelos excluídos”, como diz Marini, partindo daí a idéia de que essa “maldição” é original da nação mestiça. Vejo que essa dominação européia nesse momento gerou um conflito na sociedade e é aqui que a sociologia entra para mostrar a dinâmica dessa sociedade que muda a cada momento e que precisa se adequar a uma nova estrutura a cada tempo, Diz Marini: “a sociologia, como disciplina científica, vem se especializando de maneira crescente, abrindo espaço para a sociologia política, do desenvolvimento, da cultura, do trabalho, da informação e tantas outras...”.
Fazendo uma reflexão no Dossiê A Sociologia no Brasil: história, teoria e desafios, pag. 414, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso desenvolveu no período de 1954 a 1969 pesquisas sobre o processo de desenvolvimento brasileiro e conforme o texto: “no período de 1955 a 1960, Cardoso e Lanni realizam, com a colaboração parcial de Renato Jardim, um levantamento de dados sobre a situação social dos negros no Brasil Meridional, tanto no passado como no presente. Como resultados desta investigação são publicados os livros Cor e mobilidade Social em Florianópolis (1961), de Cardoso e Lanni, Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional (1962) de Cardoso e As Metamorfoses do Escravo (1962) de Lanni”.
E ao observar o ponto de vista de Cardoso, ele traz a tona um conflito gerado pela burguesia européia com seu domínio aqui na América – Latina e que se aproveita desse conflito, conforme ele diz: “Cardoso propunha que o problema teórico central para qualificar a sociedade capitalista escravista brasileiro era a relação entre a forma capitalista (mercantil) do sistema econômico mundial e a base escravista das relações de produção. Cardoso sugere o emprego dos conceitos de patrimonialismo senhorial e de casta escrava, redefinidos sob a égide do capitalismo mercantil, para explicar esta particularização do capitalismo mercantil-escravista, onde o capital variável (força de trabalho) é fixo (escravo), não havendo salário”.
Terminando essa reflexão nos dois textos sugeridos, penso que ainda não vivemos uma democracia racial, apesar de ter avançado muito é preciso que tenhamos a produção de pensamentos voltados para essa área que ainda, penso eu, esta em contrução.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

“Mandonismo, coronelismo e clientelismo no Brasil: uma discussão conceitual”



Conforme José Murilo de Carvalho em seu artigo “Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma discussão Conceitual”, diz ele “Temos, assim três conceitos relacionados, mas não sinônimos, guardando cada um sua especificidade, além de representarem curvas diferentes de evolução. O coronelismo retrata-se com uma curva tipo sino: surge, atinge o apogeu e cai num período de tempo relativamente curto. O mandonismo segue uma curva sempre descendente. O clientelismo apresenta uma curva ascendente com oscilações e uma virada para baixo nos últimos anos. Os três conceitos, assim concebidos, mantêm uma característica apontada com razão por Raymond Buve (1992) como essencial em uma abordagem histórica: a idéia de diacronia, de processo, de dinamismo.”
Partindo desse argumento de Murilo, quero definir em  minhas palavras cada um dos três conceitos apresentado por ele e tentar citar exemplos da história recente brasileira em que existe essa prática.
Começando pelo mandonismo que segundo Murilo “não é um sistema, é uma característica da política tradicional” confundindo-se com a formação da cidadania. Murilo nesse artigo cita Victor Nunes Leal (1948) que na sua visão “o coronelismo seria um momento particular do mandonismo, exatamente aquele em que os mandões começam a perder força e têm de recorrer ao governo. Mandonismo, segundo ele, sempre existiu. É uma característica do coronelismo, assim como o é o clientelismo.”
Citando exemplo concernente ao mandonismo hoje ou na história, partindo do meu conhecimento que é limitado, percebo que esse tipo de conceito seria mais ou menos “o mandão, o potentado, o chefe, ou mesmo o coronel como indivíduo, é aquele que, em função do controle de algum recurso estratégico, em geral a posse da terra, exerce sobre a população um domínio pessoal e arbitrário que impede de ter livre acesso ao mercado e à sociedade política”, conforme Murilo. Penso que esse tipo de conceito acontece muito aonde há terras, isto é fazendas onde há um “mandão” e que pode em função do seu poder controlar as pessoas que ali vivem, dependendo do trabalho naquela terra para sobreviver, ou até mesmo nas grandes cidades onde algumas fábricas com um número considerável de funcionários é dominado pelo “poder” do patrão.
O coronelismo conforme Murilo que cita Leal (1980:13) diz que, “o coronelismo é um sistema político, uma complexa rede de relações que vai desde o coronel até o presidente da República, envolvendo compromissos recíprocos.” Esse conceito que “foi fruto de alteração na relação de forças entre proprietários rurais e o governo e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel.” Conforme Murilo. Penso que esse tipo de conceito hoje seria os aqueles que em coesão com o presidente (a) da República domina e induz o povo ao que a república ordena, seria como “um coronel” e de fato esse conceito me faz lembrar a triste história do nosso país que foi “A Ditadura Militar” onde quem governava eram os “coronéis” indicados pelo Presidente que por sua vez também detinha um poder sobre os mesmo e delegava a eles autoridades governamentais, que na verdade como pano de fundo teria que colocar o povo submisso ao poder central “A República”.
Já o clientelismo que de um modo geral “indica um tipo de relação entre atores políticos que envolvem concessão de benefícios públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto. Este é um dos sentidos em que o conceito é usado na literatura internacional”. Conforme Murilo que cita Kaufman, 1977.
Nesse caso penso que, é o que vemos em nossa política brasileira onde os apoios políticos são negociados com os cargos que seriam abertos para o povo mediante os concursos pleitearem, porém quem esta no poder negocia esses cargos por votos, que por sua vez os manterão no poder. Penso eu que o clientelismo é dominante em nosso país, infelizmente o povo fica longe desse conhecimento pois se tiverem tal conhecimento “deixam de ser clientes dessa farsa”.

Odemir Silva