terça-feira, 23 de outubro de 2012

Olhares sobre a América Latina


As elaborações da CEPAL e a teoria da dependência na perspectiva de Fernando Henrique e Enzo Falleto

Conforme Renato Perim Colistete em seu texto sobre O desenvolvimentismo cepalino: problemas teóricos e influências no Brasil. Observo que há uma contribuição para a reflexão assimétrica entre países que compõe o sistema mundial, “a teoria do subdesenvolvimento elaborada pela CEPAL alcançou grande sucesso na América Latina. No Brasil em particular, esse sucesso ocorreu não só entre policy makers, mas também entre empresários industriais e, ao longo do tempo, no meio acadêmico”. Pag. 21. A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) que é formada por pensadores Latino – Americanos desenvolveu uma estrutura conceitual própria que futuramente legitimaram as propostas de política econômica e esse conjunto de teorias deu substância ao desenvolvimentismo cepalino, que propunha que a industrialização apoiada pela ação do Estado seria a forma básica de superação do subdesenvolvimento latino – americano, pag. 21
Conforme Perim “o objetivo do autor neste artigo é exatamente o de discutir as questões antes indicadas: primeiro, até que ponto o sucesso do desenvolvimentismo cepalino esteve associado à estrutura teórica elaborada pelos autores da CEPAL; segundo, de que forma a teoria cepalina pode ter influenciado o pensamento econômico brasileiro subseqüente?”, pag. 22.
A CEPAL aparece na América – Latina e logo começa a desenvolver um ótimo trabalho que é colocar ordem na casa, até porque o cenário do Brasil nesse momento é de muita confusão, pois o país esta saindo de um momento de domínio e vislumbra em uma liberdade para o mundo de então, só não esperava que num futuro próximo retardasse todo o seu avanço, isto foi em 1964.
Portanto o autor do texto apresenta essa dificuldade do Brasil, que estava saindo de um estado de inferior e indo para um superior, e ressalta que o atraso seria justamente essa dependência da Europa ou dos Estados Unidos e que um avanço na economia seria justamente a libertação da dependência desses países.
O desenvolvimento que é preciso em qualquer sociedade será com a sincronia do país com a sociedade e nela uma política que possa conduzir as situações para um crescimento socioeconômico, a Cepal tem esse papel de estudar e dar as diretrizes para que a sociedade possa desenvolver de forma igualitária, estudando os fenômenos existentes na sociedade, “a importância dessa questão está no fato de que dificilmente a CEPAL teria tido o impacto que teve se as suas propostas de políticas econômicas não estivessem fundamentadas em uma teoria razoavelmente consistente, plausível e relevante para a realidade latino-americana”. Pag. 22
O subdesenvolvimento conforme o escritor do texto na pag. 23 diz que “o ritmo de incorporação do progresso técnico e o aumento de produtividade seriam significativamente maiores nas economias industriais (centro) do que nas economias especializadas em produtos primários (periferia), o que levaria por si só a uma diferenciação secular da renda favorável às primeiras. Além disso, os preços de exportação dos produtos primários tenderiam a apresentar uma evolução desfavorável frente à dos bens manufaturados produzidos pelos países industrializados. Como resultado, haveria uma tendência à deterioração dos termos de troca que afetaria negativamente os países latino-americanos através da transferência dos ganhos de produtividade no setor primário-exportador para os países industrializados”.
É importante marcar esse momento devido a diferença de centro e periferia e que a CEPAL esclarece o papel de ambos, “... a expansão das indústrias de bens de capital nos países centrais estaria relacionada a inovações técnicas e reduções de custo, que teriam um efeito positivo sobre a produtividade, os lucros, a demanda de empregos e novos investimentos em máquinas e equipamentos. Sob essa perspectiva, portanto, o núcleo da geração e difusão do progresso técnico seria menos a indústria em geral do que a indústria de bens de capital, tornando-se o desenvolvimento dessa última um requisito importante para a superação da condição periférica”. Pág. 26
Portanto penso eu que essa situação de desconforto que foi gerada, até porque foi preciso, pois a sociedade estava em pleno desenvolvimento foi passageira e vivemos outra realidade e que já foram superadas muitas coisas que surgiu nessa dinâmica e continuamos em intenso desenvolvimento, porém as estruturas podem mudar para que a dinâmica não pare. Penso que a condição para essa estrutura pode ajudar e muito e para isso é necessário que haja uma política que atue de forma energética.
Na visão do autor do texto Renato Perim Colistete, as relações que as classes dominantes estabeleceram com os países centrais foram de apenas tê-los como parceiros dentro do desenvolvimentismo que estava passando o Brasil, e também o crescimento fez com que amadurecessem as relações internacionais, pois agora estava saindo de um país dependente para em breve comemorar sua libertação do imperialismo tanto europeu quanto dos Estados Unidos.
Conforme Perim, “uma perspectiva similar das estruturas pode ser encontrada em diferentes correntes do pensamento econômico brasileiro. Segundo diversas variantes da teoria da dependência, por exemplo, as estruturas econômicas, sociais e políticas herdadas do período clássico (agro-exportador) da dependência condicionadas trajetórias subseqüentes e podem, no máximo, dar lugar a novas formas de dependência (nova dependência, industrial-periférica, associada-dependente), pág. 28.
A atividade agrária foi vista pelo o autor como uma área que precisava da industrialização, e que através de investimentos do imperialismo houvesse um crescimento socioeconômico na região, porém surgi também a exploração da mão de obra e que as classes sociais se compuseram para reivindicar seus direitos sobre as terras dominadas, conforme a página 28, “na teoria cepalina, a dominância do setor primário-exportador reproduz baixo progresso técnico, deterioração dos termos de troca e a condição periférica. Na teoria da dependência, as diferentes formas de inserção internacional geram a impossibilidade de um desenvolvimento autônomo e genuíno. Na teoria do capitalismo tardio, as forças produtivas se desenvolvem e dão lugar à plena autodeterminação do capital quando são instaladas as indústrias do setor de bens de produção”.
Conforme o texto de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, “Repensando Dependência e desenvolvimento na América Latina” o atraso que se encontrava no Brasil era devido o não investimento de empresas estrangeiras para produzir capital aqui e que era preciso avançar fazendo alianças com o imperialismo Americano ou até mesmo Europeu, fazendo assim haveria o desenvolvimento tanto almejado e na verdade seríamos o país periférico junto com os demais da América – Latina e essa situação não seria passageira e sim se estabeleceria a dominação do imperialismo, como foi tentado em 64 e perdurou por vinte longos anos.
Para os autores a dependência seria a solução tudo por causa do capital estrangeiro, que de certa forma não podemos negar que a sua inserção promoveu o avanço industrial, porém também promoveu a dependência do imperialismo que foi no meu ponto de vista pior, uma vez que a política era capitalista.
Na relação agrária e industrial observo que a estratégia é a mesma, porém ficaria na periferia sem avanço, pois com a industrialização do setor a riqueza produzida seria enviada para fora do país e o Brasil ficaria em um estado de pobreza, no meu ponto de vista, pois imperaria o domínio dos soberanos e mais uma vez continuaríamos devedor.
Finalizando essa reflexão e reconheço que com muitas falhas até porque a complexidade do assunto dificulta o meu raciocínio e me vejo na necessidade de ler outros autores ou pensadores da época e até contemporâneo para melhor compreensão, porém no começo até tentei extrair do texto algumas bases, mas no meio do caminho me vi perdido, preciso estudar mais sobre o assunto para fazer uma reflexão mais apurada.  Mas observei que o texto sobre as elaborações da CEPAL tem maior consistência no que se refere o social e já na reflexão sobre o texto do sociólogo Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, percebo que há uma divergência, uma distância do que a CEPAL propõe, é como se FHC e Faletto, propusessem outra teoria por cima da já existente.

Odemir Silva

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