segunda-feira, 22 de outubro de 2012

“Mandonismo, coronelismo e clientelismo no Brasil: uma discussão conceitual”



Conforme José Murilo de Carvalho em seu artigo “Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma discussão Conceitual”, diz ele “Temos, assim três conceitos relacionados, mas não sinônimos, guardando cada um sua especificidade, além de representarem curvas diferentes de evolução. O coronelismo retrata-se com uma curva tipo sino: surge, atinge o apogeu e cai num período de tempo relativamente curto. O mandonismo segue uma curva sempre descendente. O clientelismo apresenta uma curva ascendente com oscilações e uma virada para baixo nos últimos anos. Os três conceitos, assim concebidos, mantêm uma característica apontada com razão por Raymond Buve (1992) como essencial em uma abordagem histórica: a idéia de diacronia, de processo, de dinamismo.”
Partindo desse argumento de Murilo, quero definir em  minhas palavras cada um dos três conceitos apresentado por ele e tentar citar exemplos da história recente brasileira em que existe essa prática.
Começando pelo mandonismo que segundo Murilo “não é um sistema, é uma característica da política tradicional” confundindo-se com a formação da cidadania. Murilo nesse artigo cita Victor Nunes Leal (1948) que na sua visão “o coronelismo seria um momento particular do mandonismo, exatamente aquele em que os mandões começam a perder força e têm de recorrer ao governo. Mandonismo, segundo ele, sempre existiu. É uma característica do coronelismo, assim como o é o clientelismo.”
Citando exemplo concernente ao mandonismo hoje ou na história, partindo do meu conhecimento que é limitado, percebo que esse tipo de conceito seria mais ou menos “o mandão, o potentado, o chefe, ou mesmo o coronel como indivíduo, é aquele que, em função do controle de algum recurso estratégico, em geral a posse da terra, exerce sobre a população um domínio pessoal e arbitrário que impede de ter livre acesso ao mercado e à sociedade política”, conforme Murilo. Penso que esse tipo de conceito acontece muito aonde há terras, isto é fazendas onde há um “mandão” e que pode em função do seu poder controlar as pessoas que ali vivem, dependendo do trabalho naquela terra para sobreviver, ou até mesmo nas grandes cidades onde algumas fábricas com um número considerável de funcionários é dominado pelo “poder” do patrão.
O coronelismo conforme Murilo que cita Leal (1980:13) diz que, “o coronelismo é um sistema político, uma complexa rede de relações que vai desde o coronel até o presidente da República, envolvendo compromissos recíprocos.” Esse conceito que “foi fruto de alteração na relação de forças entre proprietários rurais e o governo e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel.” Conforme Murilo. Penso que esse tipo de conceito hoje seria os aqueles que em coesão com o presidente (a) da República domina e induz o povo ao que a república ordena, seria como “um coronel” e de fato esse conceito me faz lembrar a triste história do nosso país que foi “A Ditadura Militar” onde quem governava eram os “coronéis” indicados pelo Presidente que por sua vez também detinha um poder sobre os mesmo e delegava a eles autoridades governamentais, que na verdade como pano de fundo teria que colocar o povo submisso ao poder central “A República”.
Já o clientelismo que de um modo geral “indica um tipo de relação entre atores políticos que envolvem concessão de benefícios públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto. Este é um dos sentidos em que o conceito é usado na literatura internacional”. Conforme Murilo que cita Kaufman, 1977.
Nesse caso penso que, é o que vemos em nossa política brasileira onde os apoios políticos são negociados com os cargos que seriam abertos para o povo mediante os concursos pleitearem, porém quem esta no poder negocia esses cargos por votos, que por sua vez os manterão no poder. Penso eu que o clientelismo é dominante em nosso país, infelizmente o povo fica longe desse conhecimento pois se tiverem tal conhecimento “deixam de ser clientes dessa farsa”.

Odemir Silva

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