terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Brasil e a questão racial



Fazendo uma reflexão do texto de Ruy Mauro Marini é claro o pensamento latino-americano sobre a dependência e produção. Na minha reflexão, penso que apartir do início do século XIX, através de pensadores Europeus como Auguste Comte, que sem desvincular inteiramente a sociologia e filosofia, proclamará a ordem social burguesa como uma ordem em si mesma, um organismo perfeito, mas imutável, expressão definitiva do normal, contra o qual toda ação contrária seria indicativa de um desvio, quer dizer, uma manifestação de tipo patológica, conforme o texto de Marini.
A sociologia chega à América-Latina num momento onde havia sido proclamada sua “independência” e conforme diz Marini: “nesta sociedade dependente da América - Latina ser culto significava estar em dia com as novidades intelectuais que eram produzidas na Europa, a cultura de nossos pensadores era medida pela profundidade de seu conhecimento a respeito das correntes de pensamento européias e a elegância com que aplicavam as idéias importadas em nossa realidade”.
Logo percebo que a América-Latina que foi colonizada pelos Europeus também é influenciada a ter um sistema de pensamento igual os vigentes da época e que se moldava conforme o desenvolvimento na Europa, porém a população que aqui se formou com a miscigenação de três raças, o índio, o negro e o europeu percebem que estão sendo explorados, conforme diz Marini: “os intelectuais nativos não podiam deixar de observar as diferenças que esse tipo de organização social apresentava em relação às sociedades européias...”.
Continua Marini: “dessa forma, esses países, às voltas com uma significativa população indígena ou negra, não titubearam em responsabilizar a mestiçagem pelos problemas de sua situação social, política e cultural, chegando a fazê-lo, às vezes, de maneira extremamente brutal “Impuros, ambos” – dizia Bunge referindo-se tanto aos mestiços como aos mulatos – “ambos atavicamente anticristãos, são como duas cabeças de uma hidra enorme que rodeia, espreita e estrangula, entre seu espiral gigantesco, uma bela e pálida virgem: a América espanhola”.
Portanto surgi em meio a essa sociedade um desconforto e “até mesmo sem ocultar seu desprezo e até seu ódio pelos excluídos”, como diz Marini, partindo daí a idéia de que essa “maldição” é original da nação mestiça. Vejo que essa dominação européia nesse momento gerou um conflito na sociedade e é aqui que a sociologia entra para mostrar a dinâmica dessa sociedade que muda a cada momento e que precisa se adequar a uma nova estrutura a cada tempo, Diz Marini: “a sociologia, como disciplina científica, vem se especializando de maneira crescente, abrindo espaço para a sociologia política, do desenvolvimento, da cultura, do trabalho, da informação e tantas outras...”.
Fazendo uma reflexão no Dossiê A Sociologia no Brasil: história, teoria e desafios, pag. 414, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso desenvolveu no período de 1954 a 1969 pesquisas sobre o processo de desenvolvimento brasileiro e conforme o texto: “no período de 1955 a 1960, Cardoso e Lanni realizam, com a colaboração parcial de Renato Jardim, um levantamento de dados sobre a situação social dos negros no Brasil Meridional, tanto no passado como no presente. Como resultados desta investigação são publicados os livros Cor e mobilidade Social em Florianópolis (1961), de Cardoso e Lanni, Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional (1962) de Cardoso e As Metamorfoses do Escravo (1962) de Lanni”.
E ao observar o ponto de vista de Cardoso, ele traz a tona um conflito gerado pela burguesia européia com seu domínio aqui na América – Latina e que se aproveita desse conflito, conforme ele diz: “Cardoso propunha que o problema teórico central para qualificar a sociedade capitalista escravista brasileiro era a relação entre a forma capitalista (mercantil) do sistema econômico mundial e a base escravista das relações de produção. Cardoso sugere o emprego dos conceitos de patrimonialismo senhorial e de casta escrava, redefinidos sob a égide do capitalismo mercantil, para explicar esta particularização do capitalismo mercantil-escravista, onde o capital variável (força de trabalho) é fixo (escravo), não havendo salário”.
Terminando essa reflexão nos dois textos sugeridos, penso que ainda não vivemos uma democracia racial, apesar de ter avançado muito é preciso que tenhamos a produção de pensamentos voltados para essa área que ainda, penso eu, esta em contrução.

Um comentário: