Fazendo uma reflexão do texto de Ruy Mauro Marini é
claro o pensamento latino-americano sobre a dependência e produção. Na minha
reflexão, penso que apartir do início do século XIX, através de pensadores
Europeus como Auguste Comte, que sem
desvincular inteiramente a sociologia e filosofia, proclamará a ordem social
burguesa como uma ordem em si mesma, um organismo perfeito, mas imutável,
expressão definitiva do normal, contra o qual toda ação contrária seria
indicativa de um desvio, quer dizer, uma manifestação de tipo patológica,
conforme o texto de Marini.
A sociologia chega à América-Latina num momento onde
havia sido proclamada sua “independência” e conforme diz Marini: “nesta sociedade dependente da América -
Latina ser culto significava estar em dia com as novidades intelectuais que
eram produzidas na Europa, a cultura de nossos pensadores era medida pela
profundidade de seu conhecimento a respeito das correntes de pensamento
européias e a elegância com que aplicavam as idéias importadas em nossa
realidade”.
Logo percebo que a América-Latina que foi colonizada
pelos Europeus também é influenciada a ter um sistema de pensamento igual os
vigentes da época e que se moldava conforme o desenvolvimento na Europa, porém
a população que aqui se formou com a miscigenação de três raças, o índio, o
negro e o europeu percebem que estão sendo explorados, conforme diz Marini: “os intelectuais nativos não podiam deixar
de observar as diferenças que esse tipo de organização social apresentava em
relação às sociedades européias...”.
Continua Marini: “dessa
forma, esses países, às voltas com uma significativa população indígena ou
negra, não titubearam em responsabilizar a mestiçagem pelos problemas de sua
situação social, política e cultural, chegando a fazê-lo, às vezes, de maneira
extremamente brutal “Impuros, ambos” – dizia Bunge referindo-se tanto aos
mestiços como aos mulatos – “ambos atavicamente anticristãos, são como duas
cabeças de uma hidra enorme que rodeia, espreita e estrangula, entre seu
espiral gigantesco, uma bela e pálida virgem: a América espanhola”.
Portanto surgi em meio a essa sociedade um
desconforto e “até mesmo sem ocultar seu
desprezo e até seu ódio pelos excluídos”, como diz Marini, partindo daí a
idéia de que essa “maldição” é original da nação mestiça. Vejo que essa
dominação européia nesse momento gerou um conflito na sociedade e é aqui que a
sociologia entra para mostrar a dinâmica dessa sociedade que muda a cada
momento e que precisa se adequar a uma nova estrutura a cada tempo, Diz Marini:
“a sociologia, como disciplina
científica, vem se especializando de maneira crescente, abrindo espaço para a
sociologia política, do desenvolvimento, da cultura, do trabalho, da informação
e tantas outras...”.
Fazendo uma reflexão no Dossiê A Sociologia no
Brasil: história, teoria e desafios, pag. 414, o sociólogo Fernando Henrique
Cardoso desenvolveu no período de 1954 a 1969 pesquisas sobre o processo de
desenvolvimento brasileiro e conforme o texto: “no período de 1955 a 1960, Cardoso e Lanni realizam, com a colaboração
parcial de Renato Jardim, um levantamento de dados sobre a situação social dos
negros no Brasil Meridional, tanto no passado como no presente. Como resultados
desta investigação são publicados os livros Cor e mobilidade Social em
Florianópolis (1961), de Cardoso e Lanni, Capitalismo e Escravidão no Brasil
Meridional (1962) de Cardoso e As Metamorfoses do Escravo (1962) de Lanni”.
E ao observar o ponto de vista de Cardoso, ele traz
a tona um conflito gerado pela burguesia européia com seu domínio aqui na
América – Latina e que se aproveita desse conflito, conforme ele diz: “Cardoso propunha que o problema teórico
central para qualificar a sociedade capitalista escravista brasileiro era a
relação entre a forma capitalista (mercantil) do sistema econômico mundial e a
base escravista das relações de produção. Cardoso sugere o emprego dos
conceitos de patrimonialismo senhorial e de casta escrava, redefinidos sob a
égide do capitalismo mercantil, para explicar esta particularização do capitalismo
mercantil-escravista, onde o capital variável (força de trabalho) é fixo
(escravo), não havendo salário”.
Terminando essa reflexão nos dois textos sugeridos,
penso que ainda não vivemos uma democracia racial, apesar de ter avançado muito
é preciso que tenhamos a produção de pensamentos voltados para essa área que
ainda, penso eu, esta em contrução.
Breve, mas bom texto.
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